“Contínuo, contínuo eu sou contínuo e você é um fio da puta”.
Frase imortalizada pelo digníssimo Lima Duarte no papel de Seu Noronha (Os Sete Gatinhos, se ainda não viu, veja vale a pena), anos depois a expressão ganhou um tom de adjetivo positivo, muito graças a Samuel “Motherfocker” L. Jackson, no filme Pulp Fiction, ele fala tantas vezes a palavra motherfocker inclusive se referindo a si mesmo que a palavra acaba por passar por adjetivo positivo ( Porra queria muito uma carteira igual a dele).
E depois disso veio a corrida para ser considerado um filho qualquer atitude vingativa que todos queríamos executar ganha a ordem de Honra de “Filho da Puta”, conheço caso de uma pessoa que assaltou um trombadinha e o pai de um amigo meu se tornou meu ídolo após juntar 1 real de bala que ele ganhava de troco todos os dias na padaria e comprar pão com elas no final da semana, com o argumento de “Se serve como moeda pra troco, serve pra comprar também”.
Tendo estas influencias um dia resolvi que um dia eu seria um grande Filho da Puta e então veio a oportunidade quando eu cursava o primeiro ano do colegial e estava naquela vida desregrada e vadia eu tinha muito tempo pra pensar em merdas e vinganças cretinas (“You know the kind of guy who does nothing bad things and wonder why life´s sucks?” depois eu culpo murphy pelas minhas cagadas) enquanto eu pegava o já citado 917-H Cemitério Consolação para a escola todos os dias eram quase as mesmas pessoas, contando o cobrador e o motorista que sofrerão diversas na nossa mão, inclusive comemorações de aniversario no ônibus (com bolo, refrigerante, coxinha e brigadeiro) placas de “Cuidado, Carga viva” colado ao lado do motorista pra ele se recordar que não era feno que tinha atrás dele.
A escrotização máxima veio pra cima do Nicanor O Cobrador, por algumas vezes certo momento do mês a passagem tinha virado cachorro quente ou qualquer outro podrão na rua e todo dia que a passagem não era paga com passe, (lembra aquele papelzinho? Então em 2002 agente ainda usava isso), e o pagamento era feito com dinheiro e cada vez que uma nota de 2 reais aparecia, ele ralhava e xingava “vocês tão acabando com meu troco” (na época a passagem era R$ 1,70), depois de ouvir muito disso resolvi bancar o paladino (or not) e vingar a galera, abri meu cofrinho de lata (sim ainda tenho um ele é azul e tem um adesivo do chiclete buzzy cavaleiros do zodíaco embaixo... armadura de câncer) fiz um levante das minhas moedas e disponibilizei para vingança 160 moedas de 1 centavo e 3 moedas de 5 centavos (coloquei a mais para exigir meu troco) tudo isso em um saco de mercado que foi amarrado e colocado dentro da mala.
No dia seguinte estava eu na fila com aquele sorriso engolidor de orelhas do tipo “Hynnin* ia curtir essa”, por sorte alguém o pagou com notas e ele esta ralhando, minha vez...
- E ai Nica beleza ?
- E ai.
- Ta precisando de trocado?
- Po ia ser bem vindo viu.
O saco deixou minha mala numa bela parábola pousando suavemente em cima da catraca.
- Ta ai... Têm um pouco a mais vê ai que jaja eu pego meu troco.
A cara de incredulidade dele foi tão impagável de ver aquele saco de quase
A frase seguinte dele valeu toda a brincadeira, inclusive uma resposta de pode “ficar com troco”.